Brigada Militar apura responsabilidade de empresa de bombeiro


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Brigada Militar abre inquérito para apurar responsabilidade de empresa de bombeiros por tragédia

Foco será prevenção de incêndio; área policial também será investigada.
Incêndio na boate matou 235 pessoas em festa em Santa Maria.

A Brigada Militar (BM) abriu nesta semana um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar possíveis responsabilidades de membros da corporação nas causas do incêndio na boate Kiss, que causou 235 mortes na madrugada de domingo (27.01.13) em Santa Maria, na Região Central do Rio Grande do Sul. Segundo o corregedor-geral da BM, coronel João Gilberto Fritz, um dia depois da tragédia um oficial foi designado para coordenar a apuração.

Fritz não revela o nome do colega encarregado da investigação, mas garante que será informado caso haja alguma suspeita. Tanto possíveis falhas do Corpo de Bombeiros (que é incorporado à BM) quanto da área policial serão apurados.

No entanto, o principal foco será o Plano de Prevenção e Combate a Incêndios do estabelecimento.

"Tendo em vista a complexidade de tudo o que se sabe, o comando da corporação instaurou um IPM que vai apurar tudo o que se fez com a questão, principalmente em relação à prevenção contra incêndios", disse ao G1 o coronel Fritz.

Empresa de bombeiro executou obra na boite

A empresa que executou obra prevista no Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) da boate Kiss é de propriedade de um bombeiro lotado em Santa Maria.

Os policiais militares Jairo Bittencourt da Silva
, aposentado, e Roberto Flavio da Silveira e Souza, bombeiro da ativa, constam no site da Secretaria da Fazenda como donos da Hidramix Prestação de Serviço, que atua no ramo de "prevenção de incêndio". A mulher de Souza, Gilceliane Dias de Freitas, também compõe o quadro societário do estabelecimento.

 Em 2012, a Hidramix foi chamada pela Kiss para fazer o orçamento de medidas de combate a incêndio que estariam desatualizadas. Foram estudadas três medidas, mas segundo Édio Nabinger, eletrotécnico da Hidramix, a empresa somente executou uma parte das alterações necessárias e previstas no PPCI, que foi a colocação de barras antipânico.

Ainda segundo Nabinger, a Hidramix esteve na Kiss mais duas vezes, em julho e agosto, por conta da garantia dada pelo serviço. A próxima visita estava marcada para o final de fevereiro.

Na página do Facebook de Gilceliane há fotos de família em que ela está com o marido, o bombeiro Roberto Souza. Em algumas das imagens, inclusive, Souza usa uma camiseta com o nome da Hidramix.

Conforme o site da Sefaz, a empresa foi aberta em 2005, quando Souza aparece como sócio. Jairo se tornou sócio em 2008, quando já estaria aposentado. Gilceliane só ingressou na sociedade em 24 de janeiro de 2012. Segundo o casal, Jairo saiu da sociedade no ano passado, apesar de seu nome seguir constando na Sefaz.
O site da Sefaz informa que a empresa atua nos serviços de limpeza em prédios e domicílios, instalações de sistemas de prevenção contra incêndio e instalação e manutenção elétrica.

No final da manhã, o comandante-geral da BM, coronel Sérgio Roberto de Abreu, foi questionado sobre o fato por ZH e disse desconhecer a informação. O tenente-coronel Adriano Krukoski, dos Bombeiros da Capital, também afirmou não saber da situação e explicou que, em princípio, se fosse verdade, “poderia não ser ilegal, mas, certamente imoral".

Durante cerca de meia hora, ZH informou que a empresa Hidramix Prestação de Serviço, de propriedade de dois bombeiros, teria sido responsável pelo Plano de Prevenção e Combate a Incêndio (PPCI) da boate Kiss. Na verdade, a empresa executou obra prevista no PPCI  da casa noturna. A Polícia Civil investiga se a Hidramix participou da elaboração do plano.

Se algum integrante da BM for denunciado no inquérito, ele pode ser advertido ou excluído da corporação, responder a um processo na Justiça. No entanto, antes de falar em possíveis punições, o oficial destaca a necessidade de que haja provas concretas de infrações. Para ele, as informações que a BM tem até o momento não são suficientes para uma denúncia.

"Um inquérito desta magnitude necessita de uma prova robusta", destacou.

Entenda

O incêndio na boate Kiss, em Santa Maria, região central do Rio Grande do Sul, deixou 235 mortos na madrugada do último domingo (27). O fogo teve início durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que fez uso de artefatos pirotécnicos no palco. De acordo com relatos de sobreviventes e testemunhas, e das informações divulgadas até o momento por investigadores, é possível afirmar que:


- O vocalista segurou um artefato pirotécnico aceso.
- Era comum a utilização de fogos pelo grupo.
- A banda comprou um sinalizador proibido.
- O extintor de incêndio não funcionou.
- Havia mais público do que a capacidade.
- A boate tinha apenas um acesso para a rua.
- O alvará fornecido pelos Bombeiros estava vencido.
- Mais de 180 corpos foram retirados dos banheiros.
- 90% das vítimas fatais tiveram asfixia mecânica.
- Equipamentos de gravação estavam no conserto.

Prisões

Quatro pessoas foram presas na segunda por conta do incêndio: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr; o sócio, Mauro Hofffmann; o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo Santos; e um funcionário do grupo, Luciano Augusto Bonilha Leão, responsável pela segurança e outros serviços.

Investigação

O delegado Marcos Vianna, responsável pelo inquérito do incêndio na boate Kiss, disse ao G1 na terça-feira (29) que uma soma de quatro fatores contribuiu para a tragédia ter acabado com tantos mortos:

1) o fato de a boate ter só uma saída e a porta ser de tamanho reduzido;
2) o uso de um artefato sinalizador em um local fechado;
3) o excesso de pessoas no local; e
4) a espuma usada no revestimento, que pode não ter sido a mais indicada e ter influenciado na formação de gás tóxico.

O delegado regional de Santa Maria, Marcelo Arigony, afirmou também na terça que a Polícia Civil tem "diversos indicativos" de que a boate estava irregular e não podia estar funcionando. "Se a boate estivesse regular, não teria havido quase 240 mortes", disse em entrevista. "Mas isso ainda é preliminar e precisa ser corroborado pelos depoimentos das testemunhas e os laudos periciais", completou.

Arigony disse ainda que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado durante show em local fechado. "O sinalizador para ambiente aberto custava R$ 2,50 a unidade e, para ambiente fechado, R$ 70. Eles sabiam disso, usaram este modelo para economizar. Usaram o equipamento para ambiente aberto porque era mais barato”, disse o delegado.

O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo Santos, admitiu em seu depoimento à Polícia Civil que segurou um sinalizador aceso durante o show, de acordo com o promotor criminal Joel Oliveira Dutra. O músico disse, no entanto, que não acredita que as faíscas do artefato tenham provocado o incêndio. Ele afirmou que já havia manipulado esse tipo de artefato por diversas vezes em outras apresentações.

Responsabilidades

A boate Kiss desrespeitou pelo menos dois artigos de leis estadual e municipalno que diz respeito ao plano de prevenção contra incêndio. Tanto a legislação do Rio Grande do Sul quanto a de Santa Maria listam exigências não cumpridas pela casa noturna, como a instalação de uma segunda porta, de emergência. A boate situada na Rua dos Andradas tinha apenas uma, por onde o público entrava e saía. Outra medida que não foi cumprida na estrutura da boate diz respeito ao tipo de revestimento utilizado como isolamento acústico.

A Brigada Militar informou nesta quarta que a boate não estava em desacordo com normas de prevenção contra incêndios em relação ao número de saídas. Segundo interpretação da lei, o local atendia as normas ao possuir duas saídas no salão principal. Mas as portas, no entanto, não davam para a rua, e sim para um hall. Este sim dava para a rua através de uma só porta. "Foi um ato possível que o engenheiro conseguiu colocar", disse o tenente coronel Adriano Krukoski, comandante do Corpo de Bombeiros de Porto Alegre.

Jader Marques (foto à esquerda), advogado de Elissandro Spohr(foto do centro), um dos sócios da boate, disse que a casa noturna estava em "plenas condições" de receber a festa. Ele falou sobre documentação da casa, segurança, lotação, e disse que a banda Gurizada Fandangueira não avisou que usaria sinalizadores naquela noite. O advogado ainda afirmou que o Ministério Público vistoriou o local "diversas vezes".

A Prefeitura de Santa Maria se eximiu de responsabilidade pelo incêndio e entregou alvará para a polícia que mostra data de validade de inspeção para prevenção de incêndio, feita pelo Corpo de Bombeiros. A prefeitura afirma que a sua responsabilidade era apenas sobre o alvará de localização, que é válido com a vistoria do ano corrente. O documento informa que a vistoria foi feita em 19 de abril de 2012.

O chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, disse na quarta que a casa noturna tinha todas as exigências estabelecidas pela lei vigente no Brasil. "Quem falhou, que assuma a sua responsabilidade. Nós fizemos tudo o que estava ao nosso alcance e não vou entrar em jogo de empurra-empurra", afirmou.

O chefe do Estado Maior do 4º Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gerson Pereira, interrompeu entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) sobre o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), ao receber um telefonema. "Recebi uma ligação do governo do Estado e fui orientado a não falar com a imprensa. As informações vão ser centralizadas. Esta será a última vez que conversamos", afirmou.


O Ministério Público do Rio Grande do Sul abriu um inquérito civil na terça parainvestigar a possibilidade de improbidade administrativa por parte de integrantes da Prefeitura de Santa Maria, do Corpo de Bombeiros e de outros órgãos públicos por terem permitido que a boate Kiss continuasse funcionando mesmo com as licenças de operação e sanitária vencidas.

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